Entrevista aos Linda Martini, Banda Portuguesa

A Cultura portuguesa é rica não só em qualidade como em diversidade. Seja através da literatura, do cinema, do teatro ou da música, encontramos sempre artistas que nos inspiram, que de certa forma nos marcam e fazem a diferença. Hoje trago-vos uma banda portuguesa que já sigo desde 2007 e que muita companhia me tem feito em tantas alturas da minha vida. Com o seu último álbum acabadinho de lançar, apresento-vos os Linda Martini, do melhor que se faz de Rock em Portugal!

Faz 10 anos que quatro pessoas se decidiram juntar e iniciaram uma aventura musical sob o nome “Linda Martini”. Quem são, afinal, os Linda Martini?

– Hoje em dia somos a Cláudia, o André, o Hélio e o Pedro, mas quando nos juntámos, há 10 anos, éramos esses todos mais um, o Sérgio.

 Somos um baixo, uma bateria e duas guitarras e, essencialmente, fazemos o rock que nos apetece fazer. Às vezes mais agressivo, outras vezes mais contemplativo.

Uma década de recordações é muito tempo… Como tem sido o vosso percurso em terras lusas?

– Embora tenhamos começado a ensaiar há dez anos, começámos a dar concertos há oito, mas desde o início que tivemos público e creio que algum dele ainda se mantém.

Passámos por muitos auditórios, festivais e clubes e felizmente temos tido a sorte de ter um público que nos acompanha e nos acarinha há muito tempo em todos esses sítios.

Temos muitos concertos na memória, infelizmente muito poucos a sul, mas temos esperança que esses também comecem a chegar!

Sentem que existe mais aceitação do que resistência à música que se faz em Portugal ou o contrário? Como tem sido no vosso caso?

– Sentimos que cada vez mais a aceitação vence a resistência, e em vez de “aceitação”, diríamos mesmo “interesse”. Cada vez mais há mais bandas a surgir, com músicos cada vez mais novos, a oferta é cada vez maior e mais competitiva com o que vem de fora; cada vez mais os portugueses estão a olhar para o que se faz em Portugal como produtos de qualidade. Connosco, como dissemos acima, temos tido a sorte de ter muito público desde o início. Não podemos reclamar!

Estão prestes a lançar o vosso terceiro álbum. Que evolução é que têm sentido ao longo de cada trabalho, seja álbum ou EP, que produzem? 

– Não há propriamente uma evolução de trabalho para trabalho. Há, naturalmente, a evolução de cada um enquanto músico, coisas que a experiência dita! Mas não há um caminho que siga para a frente. Às vezes pode seguir para o lado ou até para trás. Nunca sabemos o que vamos querer fazer a seguir, e do que temos feito até agora, tem havido uma tendência cada vez mais rock, que é contrariada a toda a hora por uma necessidade de acalmar, e de fazer algo mais espacial.

Queremos sempre fazer algo diferente, mas continuamos a ser as mesmas quatro pessoas, por isso as músicas acabam por reflectir isso mesmo. Quando o Sérgio saiu, naturalmente sentiu-se essa diferença e as músicas perderam um pouco do pós-rock que tinham, mas a qualquer altura podemos recuperar coisas que deixámos para trás.

Em que é que se inspiram para as vossas criações?

– Como toda a gente que cria, deixamo-nos inspirar por tudo o que nos rodeia, e isso implica som, escrita, imagem, os nossos problemas, as nossas felicidades…

Conseguem imaginar o que é que os vossos fãs sentem ao ouvir-vos? Já vos aconteceu dizerem que a vossa música os ajudou ou que os mudou de alguma maneira?

– Já aconteceu, sim. A música tem esse poder, o de nos fazer sentir as coisas de um modo mais extremado, seja a raiva, o amor, a felicidade ou o contrário. Às vezes puxa para cima, outras vezes para baixo, mas de qualquer uma das maneiras, acaba sempre por marcar períodos da nossa vida. Para o bem e para o mal, a música marca, para uma grande parte das pessoas, momentos cruciais das suas vidas, sendo, ou não, uma ajuda. Esperamos que a nossa só tenha ajudado!

Em que locais gostaram mais de actuar? Há algum em específico que vos faça sentir como se estivessem a voltar a casa?

– Sítios como o HardClub ou o Ritz são como estar em casa. Claro que quem traz esse sentimento é o público, e esses sítios estão recheados de muito boas memórias. O Paredes de Coura, de algum modo, também nos traz esse conforto, essa sensação de estar em casa.

Enquanto leitora não consigo desassociar a música da literatura. Quase todos os livros têm algum tipo de banda sonora e, inclusive, existem autores que só conseguem escrever a ouvir música. Que tipo de livro é que acham que a vossa música poderia inspirar?

– Essa já é mais difícil de responder.  Tendo em conta que todos nós lemos livros diferentes e acabamos a fazer a mesma música, pessoas que ouvem a mesma música também podem escrever livros diferentes… Talvez os policiais estejam fora da equação, mas quem sabe!

E vocês, costumam ler ou escrever? Algum livro preferido que queiram mencionar e que até vos possa ter influenciado de alguma maneira? 

– Todos nós gostamos de escrever. Sem pretensões de nada, além de satisfazermos a nossa necessidade de o fazer.

Para referir livros, talvez a trilogia do Henry Miller, que acabou por ser importante pela altura do nosso primeiro álbum “Olhos de mongol”.

Têm algum sonho, algum objectivo, que ainda não tenham concretizado, mas que anseiem? 

Que projectos têm em mente para o futuro?

– A única coisa que temos em mente, é gravar um novo registo em breve. Pelo menos que não demore mais três anos a fazê-lo! Mas nunca nada é garantido, por isso isto é só uma vontade. Somos gente de objectivos simples, por isso enquanto continuarmos a tocar e a fazer novas músicas, está tudo bem.

Agora uma pequena pergunta da praxe que faço a todos os entrevistados: já conheciam o blog BranMorrighan? O que acham do espaço? Que mensagem podem deixar aos seus leitores?

– Alguns de nós já conheciam. Agora, outros tantos o conhecem J. Um espaço que se dedica a falar de cultura e que pretende pôr os seu leitores a saber sobre matérias novas, tem sempre que ser louvado. Esperamos que os teus leitores se interessem sobre música, tanto quanto se interessam por literatura, e que gostem das coisas novas que lhes propões.

__

Só posso agradecer a simpatia e prontidão nas respostas. É uma honra ter esta entrevista por aqui e espero que quem ainda não conhece Linda Martini passe a conhecer e consiga apreciar a sua arte! Mais informações aqui: https://www.facebook.com/lindamartinirock

O mais recente single ‘Volta’:

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2 Comentários
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Unknown
Unknown
10 anos atrás

Quando nos pegunta se conseguimos dissociar a música da escrita, no meu caso não. Gosto de escrever, faço-o pela noite dentro, momentos em que me concentro mais e estou mais inspirada, por vezes, acompanhada de uma música clássica ou New Age. Gosto de escrever e se tenho algum sonho que gostasse de por em prática? sim, editar 25 livros infantis que já escrevi e um livro de poesia, tudo isto guardado numa gaveta costumo dizer que a aquela gaveta é a Editora dos meus livros e dos meus poemas :). Gosto de pintar mas, nesta área já tive os meus chamados "Momentos de Glória", num ano tive 12 Exposiões de pintura em tela, depois necessitei de uma pausa. Sou assim, faço muita coisa mas, ao fim de algum tempo tenho de deixar adormecer o que deixa de ser um impulso por inspiração para se tornar algo que me começa a cansar e parto para outra área de Arte.
O vosso Blogue, na minha opinião, está excelente, não me parecendo que deva ser alterado.
Maria do Rosário Palma

Morrighan
Morrighan
10 anos atrás

Maria do Rosário Palma, não conhecia esta tua faceta :)) Identifico-me muito contigo, mas noutras áreas de envolvência também.

É uma grande lisonja para mim que gostes de passar por aqui e que leias o seu conteúdo. Fico-te extremamente grata pelo feedback. O Blogue é apenas meu, apesar de eu falar na terceira pessoa do plural várias vezes por ser mais simples. Dá um trabalho enorme, mas comentários como este compensam tudo. Muito obrigada mesmo!

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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