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Samuel Pimenta
À Conversa com Samuel Pimenta - "Foi preciso ser publicado no Brasil para ser procurado em Portugal"
16:49
Foi em Março de 2010 que Samuel Pimenta deu a sua primeira
entrevista a um órgão de comunicação social. Nessa altura, o Morrighan estava
em plena força na divulgação de novos autores e foi precisamente numa dessas
minhas procuras por novos talentos nacionais, que encontrei o Samuel e me decidi a entrevistá-lo. Tinha
apenas uma obra publicada em 2009 – Heros, O Escolhido. Quando li o seu livro,
soube que estava perante um diamante bruto que, com o tempo, só poderia ficar
melhor e mais brilhante. Nem todos depositaram essa confiança nele, mas a
verdade é que, hoje em dia, Samuel Pimenta é um nome que dificilmente não dirá
algo a quem esteja mais atento aos circuitos literários em Portugal. Após uma
breve pausa nas suas actividades literárias, em 2012, o escritor volta a surgir
não só em Portugal, como também noutros países de língua portuguesa, estando,
neste momento, a caminho do Brasil para receber a Comenda de Luís Vaz de Camões, atribuída pela Literarte. Se
por um lado o seu livro de estreia pode não ter corrido muito bem, por diversas razões, na poesia é já considerado um poeta de visão, exímio e genuíno no seu
trabalho. Mais do que um poeta ou autor de um livro de literatura fantástica,
Samuel Pimenta considera-se um escritor, na total acepção da palavra e não
gosta de ser rotulado de outra maneira.
Dado todo o carinho que tenho, não só pelo seu trabalho, mas
também pelo Samuel enquanto pessoa, achei que esta era a altura ideal para
falarmos um bocadinho sobre o seu percurso e sobre o que tem retirado das suas
experiências. Também o facto de ter sido a primeira pessoa a entrevistá-lo, e
talvez uma das que mais conhece todo o seu percurso, levou-me a querer mostrar ao mundo,
mais uma vez, a sua essência. Nunca me vou esquecer da apresentação que
fiz o livro dele na FNAC Chiado! Fiquem, então, com a nossa conversa em plena
esplanada do Noo Bai.
Voltando então às origens, aos 20 aninhos que o Samuel tinha
em 2010, perguntei-lhe que balanço é que faz dessa experiência inicial com a
literatura fantástica e o que é que o levou a enveredar, mais tarde, pela
poesia. «O balanço que faço é positivo. Mesmo os desafios menos bons que surgiram ao
início acabaram por ser bons porque me fizeram crescer. Inclusive, os problemas
com a editora, coisas que correram menos bem a nível contratual, por não terem
sido cumpridas por parte da editora e que me levaram a rescindir com ela, até
isso me fez crescer e aperceber-me de uma série de coisas que eu não sabia. Quanto
ao ter enveredado pela poesia, isso foi mais publicamente do que pessoalmente.
Eu já escrevia poesia e outros géneros, a par do género fantástico. Aos 10 anos
escrevia contos, aos 13 poesia e aos 14 teatro, ou seja, eu sempre tive vários
projectos em paralelo. O facto de ter feito uma pausa na prosa, permitiu-me
voltar as minhas atenções, novamente, para a poesia. »
Porquê a literatura fantástica como primeira opção? «Sempre
fui, e continuo a ser, uma pessoa muito ligada à magia, à natureza e sempre
senti uma grande influência por parte do imaginário dos contos infantis com que
fui educado. Na altura, havia uma vertente comercial muito propícia para o lançamento
de um livro de literatura fantástica, mas sou muito fiel a mim a mesmo e só escrevo coisas que me fazem sentido. Aquele livro para mim fazia sentido.
Continua a fazer, hei-de continuar a sua história, mas não para já. É uma área
que gosto muito e que me continua a encantar. Acho que é uma óptima maneira de
contar estórias, com essa vertente mágica e que puxa ao nosso imaginário.»
É verdade que em 2009/2010, a literatura fantástica invadiu
Portugal, mas uma coisa foi-se mantendo comum ao longo dos anos:
a aposta, dos leitores e editoras, em autores portugueses, nesse género, é muito perto de
nenhuma. Questionei o Samuel se, na altura do lançamento d’O Escolhido, sentiu essa reserva por parte dos leitores: «Para primeira obra, acho que foi
bom. Hoje em dia, ainda há pessoas que vêm ter comigo precisamente por causa desse
livro e perguntam-me pela sua continuação. Ainda assim, penso que os portugueses
continuam a resistir muito à literatura nacional. Pode estar a melhorar, mas
ainda há muito trabalho a fazer. Se formos a ver, a aposta que há é em nomes
estrangeiros, e nem me refiro aos clássicos, esses ainda bem que os há.
Refiro-me antes às novidades, em que há uma grande resistência por parte das
editoras, é quase tudo traduzido do estrangeiro, e também por parte das
livrarias. Ainda assim, quanto a mim, acho que foi razoável a recepção que
tive.»
2013, é a data de publicação do primeiro livro de poesia de
Samuel Pimenta. Curiosamente, não foi em Portugal, mas sim no nosso país irmão
– o Brasil. Geo Metria, é o seu título e só este ano foi publicado em Portugal.
Ainda em 2013, saiu também outro livro de poesia seu, desta, em Portugal – O Relógio. Dado
que tem sido este o caminho que a sua obra literária tem tomado, perguntei ao
Samuel se era na poesia que se sentia mais confortável: «Eu sinto-me à vontade
em todos os géneros, para mim o caminho é sempre o mesmo, apenas cada um tem
diferentes expressões. Não gosto que me vistam a pele só de poeta, acima de
tudo sou escritor e acima de tudo sou pessoa. Há uma panóplia de coisas que me
fascinam, desde questões ligadas à espiritualidade, à música, às artes
plásticas... Por isso, primeiro, eu sou uma pessoa. E como escrevo, sou
escritor. Depois há ainda quem separe o escritor do autor...» Quis saber onde
começava a definição de um e acabava a do outro: «Na minha opinião, essas
definições têm um pouco uma carga elitista, em que o escritor está acima do
autor. Penso que é essa imagem que alguns núcleos nos querem vender.
Independentemente de tudo isto, eu sinto-me como um escritor e, como tal, é
assim que gosto de ser tratado.»
A escolha da poesia, prende-se, acima de tudo, com a forma
como Samuel traduz a realidade. «Ao escrever poesia, traduzo a
realidade de uma forma, com a prosa de outra maneira. Como sou um ser livre, enquanto
for vivo quero ter a liberdade de fazer tudo aquilo que estiver ao meu alcance.
Fazer experiências, misturar géneros e temas. O mundo evolui com essas
experiências. A poesia dá-me um espaço de liberdade muito grande, mas não gosto
de pensar, nem de passar a mensagem, que a poesia é o meu género de
excelência, porque todos os géneros são importantes para mim, apenas cada um
tem o seu tempo.»
Foi em 2012 que Samuel rescindiu o contrato com a editora do
Heros e foi também quando decidiu fazer uma pausa na publicação de obras. Quando
voltou, já foi então a publicar Geo Metria no Brasil. Perguntei ao Samuel como
é que essa “ida” para o Brasil se sucedeu: «A pausa que fiz foi porque senti que precisava de crescer por dentro, de
amadurecer a minha escrita e fazer algumas experiências a nível literário.
Foram 3 anos sem publicar, mas foi propositado. Sentia que não era tempo de
publicar, mas de fazer outras coisas. Tanto que, em 2012, comecei a organizar
tertúlias literárias quinzenais no Zazou – Bazar & Café, o primeiro espaço que me acolheu.
Estas tertúlias não só me ajudaram a fazer nome nesta área cultural, como também eu, enquanto escritor, estive sempre associado. Conheci
várias pessoas, estabeleci contactos e assim cheguei a pessoas do Brasil. Chegou
a acontecer pessoas do Brasil, de Angola e Moçambique, estando em Lisboa
a passear e sabendo destas tertúlias, passarem por lá. Entretanto, encontrei a
Literarte. Um poema meu tinha sido publicado no jornal Cultura em Angola; o
representante da Literarte em Angola lê o meu poema e entra em contacto comigo
e rapidamente chego à presidente da Literarte, a Izabelle Valladares, que é do Brasil. É assim que chego ao Brasil e recebo a proposta para publicar lá o Geo
Metria; é assim que recebo a proposta para lançar o Geo Metria na Feira do
Livro de Frankfurt e é assim que recebo a proposta para ser o representante da
Literarte em Portugal. Recentemente, decidiram homenagear-me com a Comenda Luís Vaz de Camões, que vou receber ao Brasil no dia 9 de Agosto, na cidade de São
Salvador da Baía. E é assim, no meio deste mar, que chego ao Brasil, tal qual
no tempo dos descobrimentos em que Portugal andou à procura do mundo (risos).»
Para um português, residente em Portugal, ser mais
facilmente reconhecido e valorizado noutro país que não o seu, por muito que
fale a nossa língua, não deve ser fácil. Samuel dá-nos a sua visão: «Tudo isto
se facilita quando temos noção que não somos cidadãos do nosso país, mas do
mundo, e cada vez mais. Enquanto lusófonos, falantes de língua portuguesa, temos
de ter essa noção. O português fala-se por todo o mundo - é um facto. Claro que
tendo nascido cá e vivendo cá, sentir que as editoras portuguesas não me deram
uma oportunidade – fosse por não resposta como por respostas padrão – faz-me
pensar que há muito por fazer ainda. Foi preciso ser falado no Brasil e ter
sido convidado para Frankfurt para começar a receber propostas de editoras
portuguesas. Existe esta ideia que é preciso ir lá fora para cá se ter valor,
mas eu gostava que isto não fosse regra. Acima de tudo, eu quero que me leiam.
Há uma mensagem que é para ser passada e quero que esta chegue às pessoas. Mas
sim, há momentos em que dói, em que, de facto, nos sentimos um pouco
desamparados no nosso próprio país.»
Perguntei ao Samuel se, na sua opinião, o facto de sermos um
país pequeno influencia estas questões ou se será antes um problema de
mentalidades: «Eu não quero pensar que tem a ver com a questão física do nosso
país. Penso que tem, acima de tudo, a ver com a mentalidade. É uma mentalidade
de elite, da não-oportunidade. É uma constatação, e há que assumi-lo e dizê-lo
sem medo. Muitas vezes parece que há o receio de que os novos venham tirar o
lugar aos velhos, aos que já estão cá há mais tempo, de carreira feita. É
mentira! Isso não vai acontecer. Há espaço para toda a gente. Tem é que se
arranjar maneira de haver uma convivência saudável entre todos e, isso, eu acho
que é uma realidade ainda distante no nosso país, infelizmente. Há muitos
entraves à entrada de novos escritores, até nos meios de comunicação social. É
quase titânico conseguir que um crítico leia uma obra de um novo autor. E esta
mentalidade não pode continuar. A missão do crítico literário é abrir o
horizonte à escolha dos leitores e não limitar essa escolha. E um país com
escolha limitada é um país que tem menos liberdade. É ainda mais grave, sendo a
literatura e a arte espaços de liberdade por excelência, haver estas faltas de
apoio aos novos escritores e artistas. O leitor, o apreciador, tem direito a
saber que existem mais opções, outras vozes.»
Em Portugal, Samuel Pimenta está publicado pela Livros
d’Ontem, uma editora baseada em crowd publishing. Dada toda esta dimensão que o
Samuel ganhou enquanto escritor, principalmente fora do nosso país,
perguntei-lhe o que é que o levou a escolher esta jovem editora: «Inicialmente
tive esta sensação, que felizmente confirmei - a Livros d’Ontem é uma editora
que respeita o livro, e trata-o como um objecto único e de culto, de edição a
edição. O facto de ser uma editora jovem, cujo o editor é ainda mais jovem do
que eu, é mais aberta a ideias e tem este espírito de missão, de querer mudar e
fazer diferente. Também o crowd publishing é uma forma de financiamento
positiva no sentido em que também envolve o leitor e quem participa vê o seu
contributo retribuído de alguma maneira, quanto mais não seja o nome nos
agradecimentos do livro, e que também torna o livro um pouco de quem contribui.
Tinha mais propostas em cima da mesa, algumas mais aliciantes, mas acho que fiz
uma boa opção e não me arrependo.»
A obra, O Relógio, consiste num longo poema que foi premiado
para os Jovens Criadores, em 2012. Também João Tordo, José Luís
Peixoto e Valter Hugo Mãe foram vencedores deste prémio. Bom augúrio é de
certeza! Foi esta a primeira obra de Samuel Pimenta publicada em Portugal: «A mensagem
do Relógio é demasiado importante para estar numa prateleira. A primeira
publicação que teve foi muito pequena, mesmo em termos de distribuição, e eu
estava decidido a levá-lo ao público. A primeira edição esgotou e a segunda já
está à venda.»
A recepção à sua obra poética tem sido, como dá para
constatar, muito boa. No entanto, e esta é uma percepção minha, o mundo poético
parece-me bastante restringido a um certo grupo de pessoas. Questionei o Samuel
se ele era da mesma opinião: «Realmente, boa parte das pessoas que vêm ter
comigo, está ligada à poesia. A verdade é que também houve um grande
desinvestimento na poesia. É incompreensível porque há quem diga que a
poesia é a arte maior da literatura, o género maior. A poesia impele-nos à
reflexão e não se querem pessoas que reflictam, mas antes pessoas que sigam. Já
nas tertúlias, tenho pessoas ligadas à poesia, mas não só. Eu sou da opinião
que algo, seja o que for, se é de uns poucos, vai ser muito melhor quando for
de uns muitos. Eu tenho essa preocupação de não elitizar nenhuma área.»
Pedi ao Samuel que nos falasse um pouco das suas duas obras
poéticas: «Não gosto muito de falar sobre aquilo que escrevo, para deixar a
liberdade de interpretação a cada um. O Relógio é um poema de intervenção
social, que faz crítica e que desconstrói a realidade daquela forma - através de
metáforas e de outros recursos estilísticos, de forma a criticar e a alertar a
sociedade para a conjectura actual e o que estamos a viver. O Geo Metria é uma
outra coisa, é um outro trabalho poético. Enquanto que O Relógio é um poema só,
visceral, mas contido, o Geo Metria tem vários poemas, exigiu uma maturação
diferente e demorou cerca de seis meses a ficar pronto. Cada poema acaba por
ter a sua própria mensagem e o Geo Metria, em cada um, acaba por cantar esta
realidade da geometria e de nós que estamos regidos por ela. Acaba por ser uma
fotografia da realidade, mas não estática - é volátil e susceptível a
interpretações. Eu fui-me inspirando na origem do ser, fui mesmo ao período paleolítico,
e daí parto como se fosse a ascensão do homem do estado da pedra – trazer o
divino à terra e levar a terra ao divino.»
Depois destes dois livros de poesia publicados, Samuel
escreveu mais um – O poeta vivo no homem morto – que ainda está por publicar sem data
marcada, e também um outro - Ágora - que o escritor quer ver publicado no próximo
ano. Fora a poesia, Samuel Pimenta tem-se dedicado à escrita de contos infantis
e gostava de conseguir publicar o primeiro até ao final do ano: «Já fiz alguns
contactos, vamos ver. O Velho Carvalho
era um livro que gostava de publicar pela altura do Natal, mas já estou a
trabalhar noutro.» Parte do seu portfólio é preenchido também por crónicas que
publica mensalmente, contos presentes em várias colectâneas, mas é mesmo o
infantil que agora o puxa mais. O porquê, é simples: «Poder voltar ao imaginário que me levou a crescer, o imaginário da magia, da natureza, o
reviver algumas coisas da minha infância e com isso contar estórias às crianças
que de alguma forma passem uma lição de moral. Porém, não uma lição castradora,
mas antes uma que também relembre estas coisas aos adultos que as lerem. A boa
literatura não tem idade, por isso estes contos, que digo que são para
crianças, são também para adultos.»
Para além da sua obra literária, Samuel Pimenta mantém um
blogue onde coloca conteúdo inédito e onde vai mostrando mais de si a quem
o lê. É, também uma pessoa muito interventiva socialmente, seja pelas
tertúlias que organiza ou outras iniciativas. Todas estas experiências,
virtuais e reais, têm contribuído muito para o que é o Samuel Pimenta hoje:
«Existe essa relação e é muito estreita. O lado humano é muito importante. As
tertúlias são espaços de liberdade, e tem sido muito através delas que os meus
horizontes se têm expandido. Desde as relações com o Brasil, com Moçambique,
entre outros. Eu não ando à procura destas coisas, mas acabam por me dar muito
alento. É teres alguém do outro lado do oceano a dizer-te para continuares a
fazer o que fazes, porque és bom a fazê-lo.
Em termos de riqueza humana, vivemos numa fase em que andamos virados
para nós. Acaba por ser contraditório porque estamos na era do digital em que
consegues falar com pessoas do mundo todo, mas a realidade é esta, nunca
vivemos uma fase tão virada para nós mesmos. Eu devo muito às redes sociais,
mas eu não faço delas o meu espaço público de intervenção. É antes uma
ferramenta para puxar as pessoas para o espaço físico real. Daí a criação das
tertúlias. Existem muitas pessoas que são muito activas na internet, mas na
vida física real, essas pessoas não existem. O virtual apenas, não me satisfaz,
daí eu criar espaços para as pessoas falarem abertamente. Transformar o que é
virtual em físico e humano. Do ponto de vista humano, isto tem sido do mais
enriquecedor. Tenho conhecido pessoas super interessantes e não há nada como,
por exemplo, leres um poema a olhar nos olhos das pessoas.»
Para o Samuel, o importante é a literatura unir as pessoas:
«o mundo já tem demasiadas guerras e complicações para afastar as pessoas umas
das outras. O nosso trabalho deve servir, principalmente, para humanizar o
mundo e não torná-lo ainda mais mesquinho. Se a arte tem um papel de intervir
na sociedade, que seja esse papel de agregar pessoas e criar harmonia.»
A carreira deste jovem escritor português pode ter começado
de forma complicada, com vários entraves, mas hoje em dia Samuel é um exemplo
de que com trabalho e verdadeira dedicação, muito se consegue. Prestes a
concluir a entrevista, perguntei-lhe que conselhos é que ele pode dar a quem
está agora a começar: «De vez em quando chegam-me pessoas que me pedem para ler
alguns dos seus textos. A primeira coisa que eu pergunto, é o que é que lhes
aconteceria se deixassem de escrever. Para perceber até que ponto a pessoa está
envolvida naquilo. Para mim é muito básico - eu morria. Noto também, muitas vezes, que
há falta de leitura de outras obras. Até eu tenho falta de leitura de obras,
nós não conseguimos ler tudo. O maior conselho aqui é continuar a escrever,
sempre, o mais possível. É como treinar. Quanto mais treinar, em melhor forma
fico. Pegar nas palavras torna-se mais fácil. E ler, ler muito. Em termos de
edição, que não desista se não conseguir à primeira. Que lute, mas que, de
preferência, não pague pela edição. Eu não tenho nada contra, ou a favor, quem
paga para publicar. Hoje em dia, se alguns não o tivessem feito, não os
conhecíamos. A questão é as editoras com que o fazem e, cá em Portugal, essas
editoras, além de pedirem ao autor para pagar, não fazem um trabalho de
revisão, nem de edição sequer, não pagam ao autor e não divulgam a obra. Fazem
um lançamento e pouco mais. Para além da distribuição que é fictícia - até podem
estar no site da livraria, mas não se encontram fisicamente lá, só encomendados.
Estejam atentos às propostas que recebem e peçam referências. Existem sempre
riscos, eu não paguei para editar e tive problemas com a minha editora. Mas que
seja um risco o mais informado possível.»
Para terminar, o Samuel Pimenta deixa-vos uma mensagem:
«Continuem a ler o blogue, que o blogue é fantástico! (risos) Vá, primeiro
quero agradecer aos leitores do blogue estarem connosco até aqui, até ao final
desta entrevista. Ainda bem que são seguidores do Morrighan, para mim teve um
marco importante na minha vida – foi o primeiro blogue que me entrevistou. Há
quatro anos que eu o vejo cada vez mais a melhorar e, portanto, ainda bem que
existe os seguidores que se mantém fiéis a este blogue que mantém uma
identidade muito própria, que surgiu de um projecto pessoal, da Sofia, e que se
transformou nisto que é hoje – e é enorme! Continuem assim, e ainda bem que
gostam que eu também gosto e também sigo. Quero agradecer acima de tudo e que
possam também continuar a seguir-me.»
Da minha parte só posso deixar também uma mensagem simples:
Descubram o Samuel, sigam o seu trabalho, procurem-no nas suas tertúlias –
encontrarão poucas pessoas mais interessantes e mais humanas do que ele. É de
uma riqueza de espírito incrível, de uma lucidez arrasadora para alguém tão
jovem e de uma determinação férrea e admirável. Muito obrigada eu, Samuel, por
seres o escritor que és e por eu ter a sorte de te teres tornado num dos meus
mais queridos amigos.
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