O Regresso dos X-Wife em Entrevista

Depois de uma pausa de quase três anos – que viu João Vieira e Rui Maia editar álbuns de estreia com White Haus e Mirror People, e Fernando Sousa juntar-se aos Best Youth, There Must Be a Place e PZ – os X-Wife, agora com 13 anos de carreira, e acompanhados na bateria pelo parceiro dos últimos anos Nuno Sarafa, regressam em grande forma e não deixam nada ao acaso. 

Após o lançamento do single Movin Up – tema que brilha ao lado de outras músicas de bandas e artistas internacionais, como Bastille, Beck, Foals, Icona Pop e Unknown Mortal Orchestra, na banda sonora do jogo FIFA 2016 – já actuaram no Vodafone Paredes de Coura e, tal como poderão ler na entrevista, estão a preparar algo especial para breve. Fica a entrevista respondida pelo João Vieira, em que começamos por recordar como era tudo há 13 anos atrás, caminhando até ao presente e ao seu regresso. 

Fotografia André Tentúgal

Os X-Wife são já uma banda de culto em Portugal, mas dada a recente paragem de três anos, gostava de vos poder apresentar a um público que potencialmente ainda não vos conhece. Ainda se lembram de como é que tudo começou em 2002? 

Lembro-me como se fosse hoje, foi de uma forma muito descontraída numa sala de ensaios a experimentar umas ideias. Houve logo uma química forte entre os três, uma empatia e referências musicais comuns que ajudaram no processo de escrever canções muito rapidamente. Poucos meses depois do primeiro ensaio demos o primeiro concerto, um ano depois o nosso primeiro EP via a luz do dia.

Eu tinha apenas 15 anos quando lançaram o vosso primeiro longa-duração. Os tempos eram bem diferentes: a internet começava a aparecer, mas muito ainda era feito de forma tradicional na imprensa escrita e não virtual. Como é que foi na altura promoverem o vosso primeiro trabalho e terem logo tanto sucesso?

É verdade que a internet estava a dar os primeiros passos mas nós já a utilizávamos como uma ferramenta muito útil, principalmente a nível internacional. Foi no fluxblog, um dos primeiros blogs de música americanos, que publicaram uma musica do EP de X-Wife. Na altura isso foi muito importante pois chegámos a rádios americanas (onde viemos a tocar ao vivo um ano depois), a outros blogues e editoras, daí termos o nosso disco à venda em lojas de discos americanas e marcarmos a nossa primeira tour em Nova Iorque. A internet foi muito importante desde o início para todo este tipo de contactos. Hoje em dia há demasiado ruído na blogosfera e torna-se mais complicado para os novos projectos conseguirem furar…

Naquela altura, em Portugal, a imprensa era bastante relevante. Fomos capa do DN Magazine, capa do Y (publico) e mais uma ou outra revista de musica já extinta. Tivemos mesmo muito destaque, aparecemos nas listas dos melhores do ano e por aí.  Hoje em dia multiplicaram-se os meios de se promover um disco, apareceram coisas novas e desapareceram outras… O importante é passar a mensagem e chegar às pessoas seja ela por imprensa escrita, tv ou web todos são importantes e todos se complementam. 

Imaginam as potenciais diferenças se só agora estivessem a formar a banda? 

A maior diferença é que hoje em dia podes fazer um trabalho de produção quase profissional num pequeno estúdio em casa com muito pouco.

Apareceram muitos chamados “bedroom producers” que tiveram acesso não só a software de gravação, mas também tutoriais na net, instrumentos virtuais e fácil acesso a tudo. Quando nós iniciámos era tudo muito tradicional, guitarras, synths amplificadores e sala de ensaios. Na altura utilizávamos uma caixa de ritmos e era o mais futurista que nós conseguíamos ser. Consequência de todo este boom é a quantidade de projectos que surgiram, as edições de autor, novas editoras independentes, tanta coisa… Sinceramente acho mais fácil hoje em dia pôr um disco cá fora do que quando iniciámos. Na altura as editoras tinham um papel super importante no lançamento de um disco, as edições de autor ainda estavam muito distantes, penso que também pelos custos que envolviam editar um disco na altura.

Are you ready for the blackout saiu em 2008, mas foi em 2012, já com mais um disco lançado, que decidiram “suspender” os X-Wife. Sei que isso se deveu à distância física que entretanto vos começou a separar. O regresso em 2015 traz com ele uma bagagem individual considerável, ada um de vocês teve e tem outros projectos individuais. O que é que vos fez juntar novamente? Arrependem-se ou a pausa acabou por ser de facto positiva? 

Acho que foi positiva, tivemos muitos anos juntos a fazer música, fizemos um concerto a celebrar 10 anos de carreira e a pausa surgiu naturalmente. Acho que tanto para nós como para o público foi benéfico. Pois permitiu-nos evoluir como músicos e produtores, trazer novas ideias e novas formas de compor e ao mesmo tempo uma vontade de contribuirmos com estas novas ideias e fazer algo fresco para os X-Wife. Acho que foi tudo na altura certa.

Sentem que essas vossas experiências trouxeram uma nova vida e até riqueza musical e lírica aos X-Wife? 

Sim, sobretudo na parte de produção e atenção aos pormenores. O novo single é bastante mais rico em termos de produção do que os anteriores. Trouxemos novos elementos que ainda não tínhamos explorado anteriormente. 

Estive em Paredes de Coura e tinham lá uma pequena legião de fãs de letras na ponta da língua e efusivos até mais não. Neste ponto de vista, este regresso é como se nunca tivessem parado ou sentem que vão ter de reconquistar o vosso público mais antigo?

Acho que os X-Wife sempre foram uma banda de palco, foi aí que conquistamos os nossos fãs, continuamos com a mesma energia que sempre tivemos. 

Quando uma banda se sente bem em palco e consegue transmitir isso ao publico, então estamos todos em sintonia e acho que essa é a melhor forma de aproximares o teu publico.

Hoje em dia também já não se ouve música como antigamente. As pessoas largaram as cassetes e os cds e quase só ouvem música digitalmente. Dados os vossos 13 anos de existência, como é que tem sido o vosso percurso tanto na maneira como ouvem música como na forma como pensam propagá-la? 

Não penso muito nisso, a música tem evoluído sempre nos mais diversos formatos. O mais importante é fazer boas canções e dar bons concertos. Se o formato é em vinil ou digital ou cassete é indiferente, é só um formato, a música continua a lá estar e é o mais importante.

Movin up é uma música muito forte, com uma energia muito vibrante. Aliás, os vossos singles têm tido a capacidade de ficarem sempre no ouvido. Foi difícil escolherem uma música para anunciar o regresso? Imagino que já tenham outras compostas… 

Sim, Movin up foi a canção que se destacou de todas as que tínhamos composto. Achámos que era importante lançar um single forte, fresco, mas onde a nossa identidade permanecesse intacta. Queríamos que soasse a X-Wife, mas com algo novo e acho que conseguimos o que pretendíamos. Temos material novo e estamos neste momento a trabalhá-lo. 

O vídeo foi realizado pelo André Tentúgal, que já antes tinha realizado vídeos vossos. É caso para dizer que em equipa vencedora não se mexe?  

Sim, o André é nosso amigo e um excelente realizador de vídeos, acompanhou-nos muitas vezes por concertos cá dentro e lá fora, faz todo o sentido ter sido a nossa primeira e única escolha para assinalarmos o nosso regresso. O resultado foi este excelente vídeo, o meu preferido dos quatro que o André realizou para nós.

E o que é que podemos esperar do novo disco? Alguma coisa que queiram destacar de diferente ou especial em relação aos trabalhos anteriores? 

Não pensamos em novo disco para já, está tudo em aberto… Pensamos sim em ir editando músicas, seja em que formato for. Não queremos estar à espera de ter 12 canções para poder editar um disco, gostamos mais deste processo de ir escrevendo canções e seleccionar aquelas que mais nos entusiasmam e trabalhá-las em estúdio e pô-las cá fora. É assim que queremos trabalhar neste momento. 

O objectivo para 2016 é dominar qualquer palco, explodindo com as pistas de dança?  

Como disse mais atrás, somos uma banda de palco e é aí que nos queremos mostrar com toda a nossa energia, isso é algo que não queremos mudar.

Por onde é que vos podemos encontrar nos próximos tempos?

Em muito breve teremos um concerto muito importante para nós mas que não o poderemos anunciar para já. 

Alguma mensagem que queiram deixar aos vossos (potenciais) fãs?

Ainda aqui estamos! 


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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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