Opinião: O Discípulo (Sebastian Bergman #2), de Hans Rosenfeldt, Michael Hjorth

O Discípulo (Sebastian Bergman #2)

Hans Rosenfeldt, Michael Hjorth

Editora: Suma de Letras

Sinopse: Numa Estocolmo em chamas, assolada por uma onda de calor, várias mulheres são encontradas brutalmente assassinadas. Os assassinatos têm a marca de Edward Hinde, o assassino em série preso por Bergman há quinze anos, e que continua detido. Sendo um incontestável profiler e perito em Hinde, Sebastian é reintegrado na equipa, e não demora muito a perceber que tem mais ligações com o caso do que pensava. Todas as vítimas estão diretamente ligadas a ele. E a sua filha pode estar em perigo.

Opinião:  Sebastian Bergman foi-nos apresentado em Segredos Obscuros, livro que precede O Discípulo, e que iniciou assim esta trilogia que tem dado que falar. A nível de promoção e imagem sem dúvida que está muito bem conseguida: as capas são boas, os postais de promoção bem conseguidos e as citações despoletam imediatamente a curiosidade. No entanto, a meu ver a verdadeira magia só começa quando começamos a ler as primeiras linhas. Por muito bonitos que sejam os livros, e elogiosas as palavras que os acompanham, costumo ser céptica até mergulhar completamente nas narrativas, mas Hans & Hjorth são peritos em prenderem-nos desde o início, provando que o interior é tão bom como o exterior. 

Tal como no romance anterior, este começa com um certo distanciamento de um dos protagonistas, denominado como “O Homem Alto”. Continuando o estilo dos capítulos pequenos, vamos tendo vislumbres das acções e dos pensamentos daquele que irá espalhar o terror por Estocolmo. Ao mesmo tempo, avançamos com a história pessoal de Sebastian, revisitando toda a equipa de Torkel que já tínhamos conhecido em Segredos Obscuros. Tal como referi na opinião anterior, um dos maiores pontos positivos destes livros é o compasso em qTue tudo é apresentado, prendendo o leitor páginas após página, fazendo-o perder noção do tempo e do espaço. 

O Discípulo mostrou-se um thriller/policial incontornável para os amantes do género. Mesmo não sendo das histórias que mais ansiosa me deixou, a forma inteligente como está escrita é fascinante. Os autores continuam a explorar a negritude e os espaços cinzentos da mente humana como poucos conseguem fazer. Sebastian é psicólogo e perito em traçar perfis criminosos, porém ele próprio frequenta um psicólogo por não conseguir lidar bem com as suas emoções. Pegando na ponta solta deixada no final do volume anterior, eis que são tecidos novos cenários que vão tomando contornos cada vez mais sugestivos. É quando Sebastian se apercebe da sua ligação aos crimes hediondos que a acção começa a acelerar e o cerco a fechar. A (não) relação que Sebastian mantém com a sua filha, que para quem não leu o primeiro não quero estragar a surpresa, vai acabar por ser decisiva. 

Em relação à demanda na revelação de quem está por trás dos crimes, não só Hinde se afigura como alguém com uma psique totalmente perturbadora, fruto de uma série de acontecimentos traumáticos ao longo da sua vida, como os escritores ainda aproveitaram para mostrar como a ambição desmedida, provocada por uma qualquer carência de protagonismo, pode colocar uma série de vidas em risco. Estes cantos e escombros do universo psicológico humano são apresentados com tamanha naturalidade que chega a ser arrepiante. Os pormenores são apresentados de forma muito cinematográfica e senti que tinham um forte impacto, no que à minha parte emocional dizia respeito, enquanto lia. Foi um livro que provocou e perturbou e que termina de forma a que, mais uma vez, só queiramos saltar para o livro seguinte. A vida de Sebastian é tudo menos aborrecida e os autores prometem não ficar por aqui.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

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