[Diário de Bordo] Rédea Curta…

Ontem, ao final do dia de trabalho depois de cortar o cabelo.
Hoje de manhã, completamente incontrolável, antes de ir caminhar.

… no meu cabelo! Mais uma semana que passou e mais uma sensação de abalroamento bastante intensa. Não me estou a queixar, atenção. Acho que a semana acabou por ser das mais produtivas do ano e consegui terminar uma série de coisas que tinha como objectivo, mas o preço está a fazer-se pagar. Chego a sentir-me um bocado estranha na minha própria pele, dada a rotina que se impõe. Trabalho, casa, trabalho, casa, trabalho, possivelmente um concerto, casa. Mas tudo de forma a que o tempo que passo em casa seja pura e simplesmente para cair para o lado e acordar no dia seguinte, já cheia de pressa para sair de casa novamente. Quando o fim-de-semana chega e permito-me a mim mesma não ter despertador, quase parece não-natural. Até há pouco mais de um ano atrás, as coisas no meu doutoramento andavam tão mornas que a desmotivação era a ordem do dia. Felizmente, a Terra nunca pára de girar e em Maio de 2016 vi-me numa série de mudanças. Conquista de mais um passo na minha independência com finalmente perspectiva de contrato mais longo e também do meu próprio espaço. Sair do ninho dos pais tem tanto de assustador como de fascinante e eles têm sempre razão quando dizem “um dia vais dar valor” seja em relação ao que for no que diga respeito a lides da casa. Por muito que achemos que contribuímos em casa, quando nos vemos “a solo” a coisa ganha sempre outra dimensão. Pois é, está quase a fazer um ano que uma nova etapa da minha vida começou e a verdade é que, por coincidência ou não, o meu doutoramento também deu um pulo enorme. Acho que tudo isto me fez crescer imenso e com o tempo, e vendo o trabalho a dar frutos, fui ganhando uma nova confiança que fez com que tivesse cada vez menos medo de arriscar nas minhas ideias e naquilo que gostava de ver concretizado. 2017 está a ser qualquer coisa de inacreditável para mim dado que, falando no lado puramente científico, já submeti um paper para revista, já fui a uma conferência internacional apresentar outro que foi publicado em Março, estou prestes a submeter um terceiro que nada tem a ver com os outros dois (o primeiro foi de algoritmo para sequenciação de transcritomas, o segundo sobre teorias de ciências sociais comprovadas através de simulação em redes sociais e este último um simulador de evolução de populações de bactérias numa rede de contacto programado de forma a correr em ambiente distribuído) e no meio disto tudo estou a dar aulas no IST-Taguspark desde Fevereiro. E o mais fascinante é que mal acabe este paper que vou submeter brevemente, tenho já outro para ter pronto em Junho e há pelo menos mais dois trabalhos na calha a precisarem da minha atenção. Não sou uma investigadora científica brilhante, estou muito longe disso, mas ir do oito para o oitenta no espaço de um ano, confesso, é um pouquinho assustador.

Voltando ao título do post, como não controlo muito do que se passa nesta coisa dos papers e tudo mais, decidi dar rédea curta ao cabelo. A minha relação com o meu cabelo é algo injusta, pois ele sofre com os meus humores. Quer dizer, não sei se sofre ou se goza, já que vai fazer um ano em Junho que decidi curtá-lo mesmo curtinho e agora aconteceu novamente. Se fosse Salomão estava tramada, mas como parece que não afecta a minha produtividade e ainda por cima é muito mais prático… Talvez daqui a uns meses comece a planear como deixá-lo crescer. Sei que muitos já só associam a minha imagem ao cabelo curto, mas imaginem que quando jogava basquetebol, e mesmo quando comecei este blogue, tinha o cabelo até meio das costas! Agora tenho cabelo que mal mede um polegar. Ahahah. E pronto, aqui fica mais uma pequena partilha do que tem sido a minha vida académica, acho que ainda me vou rir muito quando um dia olhar para trás e reler estes diários.

Fica a nota que, entretanto, no meio desta loucura consegui terminar algumas leituras e que as opiniões começam a sair brevemente. Uma delas publiquei ainda hoje – Escrito na Água, de Paula Hawkins. Amanhã e durante a próxima semana vão sair pelo menos mais duas: Filhos do Vento e do Mar, de Sandra Carvalho, e A Tua Segunda Vida Começa Quando Percebes Que Não Terás Outra, de Raphaëlle Giordano. As próximas leituras serão: 1933 foi um mau ano, de John Fante, e O Ano da Dançarina, de Carla M Soares. Depois destas tenho pelo menos três que quero ler com alguma urgência: Hoje estarás comigo no paraíso, de Bruno Vieira Amaral; A Brecha, de João Pedro Porto; e A Contraluz, de Rachel Cusk! Haja tempo! 🙂 

Mil beijos, boas leituras e bom fim-de-semana! 


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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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