Opinião: Tenho de Saber, de Karen Cleveland

Tenho de Saber

Karen Cleveland

Editora: Editorial Planeta

Sinopse: Vivian Miller (Viv) é uma dedicada analista de contraespionagem que tem por missão descobrir os chefes das células de agentes «adormecidos» a operar nos Estados Unidos. Prestes a alcançar uma promoção de que muito necessita, criou um sistema para identificar os agentes russos que levam uma existência aparentemente normal à vista de toda a gente. A vida de Viv parece perfeita. Tem um excelente trabalho na CIA e um marido amoroso, Matt. Na CIA cria algoritmos para identificar e desmantelar as organizações russas que se tentam infiltrar no país. Um dos algoritmos permite-lhe encontrar um homem de nome Yury, que a CIA acredita ser um manipulador. Através dele esperam encontrar os cinco agentes que controla. Viv entra no computador de Yury e, fica surpreendida por não encontrar documentos encriptados, como pensava e em vez disso encontra uma pasta de nome Amigos com grande facilidade. Viv fica em êxtase, pensando que por fim encontrou os cinco agentes. Mas de súbito enquanto olha para as fotografias que a pasta contém, o coração cai-lhe aos pés quando vê uma fotografia do seu marido Matt. Decide interrogá-lo antes de reportar a descoberta à chefia, mas pensa que deve ser um erro a fotografia do marido naquela pasta. Quando o confronta, ele choca-a ao assumir que trabalha para a Rússia há vinte e dois anos. Vivian jurou defender o seu país contra todos os inimigos, tanto externos como internos. Mas agora deparam-se-lhe escolhas impossíveis. Dilacerada entre a lealdade e a denúncia, a fidelidade e a traição, o amor e a suspeita, em quem poderá confiar? 

OPINIÃO: Aqui está um livro que se lê rapidamente. Por norma os livros de espionagem, quando bem escritos, têm a capacidade de colocar o nosso cérebro a mil, explorando várias possibilidades e desfechos. O mais comum é termos uma personagem central masculina e Tenho de Saber vem quebrar esse padrão colocando-nos uma analista da CIA como protagonista. Esta é a estreia literária de Karen Cleveland que trabalhou, precisamente, como analista de contra-terrorismo na CIA. Talvez também por isso toda a escrita seja bastante coerente e bastante cinematográfica. Outro ponto a favor é o facto de nos dar uma perspectiva mais emocional sobre uma profissão que terá sempre os seus riscos, exacerbando o papel de mulher e mãe no impacto que isso pode ter na altura de tomar decisões. Entre ver a família destruída ou deixar escapar quatro terroristas há processos mais ou menos racionais que podem fazer uma pessoa agir de forma inesperada.

A autora foi muito inteligente ao construir a narrativa. Apesar de não haver uma dúvida constante sobre quem é o bom e o mau da fita, há sempre uma expectativa muito grande sobre qual será o próximo passo de Vivian. Na experiência de leitor que se coloca no papel da protagonista, confesso que nem sempre foi imediato sentir-me em sintonia com ela. Mas isso está longe de ser necessariamente mau, já que criou uma espécie de debate interior “e se fosse eu?”. Há toda uma questão de lealdade que toma diferentes dimensões consoante o alvo: sejam os filhos, o marido ou o seu próprio país. Viver dez anos com uma pessoa que se ama profundamente para depois descobrir que essa pessoa tem andado a manipular-nos e a dar informação sobre nós ao maior inimigo do nosso país é capaz de deixar qualquer um sem chão e sem tecto. 

Tenho de Saber é um thriller que merece ocupar um espaço nas prateleiras dos amantes do género e o seu final é promissor no que toca a uma possível continuação. Na verdade, acho que todo o enredo foi construído para aquelas páginas finais. A potencial imprevisibilidade e o deixar imensas dúvidas no ar faz com que todo o mecanismo de reflexão, sobre se conhecemos verdadeiramente as pessoas e de que forma é que o amor nos pode cegar, permaneça muito depois de terminarmos a leitura. Se estão à procura daquele livro ideal para ler na praia ou durante as férias, este é um deles.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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