Opinião: A 5ª Vaga, de Rick Yancey

A 5ª Vaga

Rick Yancey

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #115

Sinopse: A 5ª Vaga, o volume que dá início à trilogia com o mesmo nome, é uma obra-prima da ficção científica moderna. É um épico extremamente original, que nos apresenta um cenário de invasão extraterrestre do planeta Terra como nunca antes foi escrito ou sequer imaginado. Nesta narrativa assombrosa, uma nave extraterrestre fixa-se na órbita da terra, à vista de todos mas sem estabelecer qualquer interação. Até que, subitamente, uma gigantesca onda eletromagnética desativa todos os sistemas da Terra, e todas as luzes, comunicações e máquinas deixam de funcionar. A esta primeira vaga seguem-se outras, num crescendo de violência que devasta grande parte da humanidade. Será este o fim da existência humana sobre a Terra? Haverá ainda alguma salvação possível? Um thriller de alta voltagem, com todos os ingredientes para se tornar um grande clássico da literatura fantástica universal.

Opinião: Deixem-me lá colocar aqui a playlist dos Deftones para começar a escrever esta opinião! Pode parecer um pouco tonto, mas o processo de associação até se deu ao contrário. Dei por mim a ouvir My Own Summer, ou a Digital Bath, e a relembrar passagens deste livro de Rick Yancey, Mas pronto, confesso, eu gosto de arranjar as minhas próprias bandas sonoras para os livros. A 5ª vaga, que inicia uma trilogia, traz até nós uma invasão alienígena, um enredo com o qual é preciso precaução – entre o que parece e o que é, são várias as vezes em que damos por nós a mudar de opinião, até nos ser mostrado a verdadeira face do problema mas, mesmo aí, as questão não cessam pois outras se levantam. 

É fácil gostar deste livro, mesmo constatando alguns pontos menos fortes. As personagens, pelas situações com que são confrontadas, acabam por, desde muito cedo, prender a nossa atenção. O facto de a narrativa também ser interactiva, mudando de narrador protagonista, ajuda a que a dinâmica da leitura não se quebre. As emoções são exploradas de forma tão cuidadosa quanto intensa. Cada um dos personagens centrais tem muito com que lidar. Não só apenas têm noção que apenas sobram cerca de 3% de vida humana desde que a nave-mãe começou a sobrevoar a terra, como ainda não conseguem diferenciar, ao apenas verem alguém, se é humano ou não. E é com uma destas cenas que somos confrontados desde o início, um soldado que pede ajuda, mas que é logo baleado por Cassie, sem hipótese, por poder ser um deles. 

Cassie é a protagonista feminina desta trama, uma adolescente que assiste à morte da mãe, por doença de uma vaga anterior; mais tarde levam-lhe o irmão, com promessas que ficará seguro, para logo a seguir ver o seu pai a ser baleado pelo mesmo tipo de pessoas que lhes prometeram segurança. 

Já por outro lado temos Zombie, o protagonista masculino que quer esquecer o tipo de pessoa que era, também ele um adolescente que acabou por deixar a irmã para a morte, mas que agora é um soldado com uma missão que vem a descobrir não ser exactamente aquilo que ele pensava. Com um passado comum, é no futuro e na esperança de sobrevivência que ambos os caminhos se irão cruzar. 

Apesar de ser um thriller de ficção científica, esta não tem uma presença muito forte. As tecnologias extraterrestres não são muito exploradas nem detalhadas, ficando no ar, durante bastante tempo, quais as verdadeiras razões desta invasão. Penso que este é o fio mais frágil desta obra – todas as peças se movem em torno de uma premissa um tanto incerta. O romance que se vai desenvolvendo, entre Cassie e um Silenciador (um deles, que mata sem questionar), acaba por servir como de força motriz para se chegar a um entendimento, e que vai sendo vivido de forma tensa, mas também profunda. No fim, tudo culmina para que finalmente se possa desmascarar os orquestradores do terror que se vive, mesmo que ainda não se perceba muito bem o porquê de a Terra ter sido escolhida para tal.

Resumindo, A 5ª Vaga é um livro que coloca à prova, e no limite, o ser humano. Que evidencia que por muito que se observe a lógica das reacções de cada pessoa, os sentimentos serão sempre um factor surpresa. Não dizem que o amor é a maior arma que cada um possui? Valores como a amizade, família e confiança são vistos sob toda uma nova perspectiva. A escrita é dinâmica e fluida, e a acção tem um bom ritmo. Tirando alguns pormenores em termos de contextualização, que não me deixaram totalmente satisfeita, posso dizer que usufrui bastante da leitura e que vou querer ler a continuação. 

PS: Agora ouçam lá Deftones e digam-me se não vos faz lembrar os vários momentos do livro, principalmente os últimos, ou até as cenas entre a Cassie e o Evan (Silenciador)! Deixem-me juntar a Knife Prty e a Passenger! 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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