[Diário de Bordo] Sobre a Leitura desta semana e os Desafios Literários

Há dois anos que não cumpro o desafio literário do Goodreads. Simples, a razão: tenho sido demasiado ambiciosa no que ao tempo livre diz respeito. Se há coisa de três anos conseguia pegar em 100 livros num ano e lê-los sem grandes problemas, 2015 mostrou-me que para ler 60 tive de fazer uma ginástica bastante grande. E isto leva-me à questão dos desafios literários, nos quais sempre gostei de participar – é impossível! Desde coordenar leituras com autores e prazos específicos a conseguir interagir com os restantes membros das comunidades… Não consigo mesmo. Mas há que enaltecer que se há cinco anos os desafios literários cobriam tudo com fervor menos a literatura portuguesa, os que tenho visto para 2016 têm sempre alguma coisa relacionada. Seja um livro por mês de um autor português, seja noutro contexto. 

Nesse sentido não preciso de qualquer desafio literário porque já me é natural procurar os autores portugueses. Ou tem-se tornado cada vez mais com o tempo. É claro que tenho lido livros maravilhosos de literatura estrangeira, como o caso do livro do ano A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te, ou Os Enamoramentos, mas tem sido curioso encontrar uma espécie de padrão não uniforme nos livros de literatura portuguesa. Digo padrão não uniforme porque cada autor tem uma assinatura única, mas há certos traços de emoções e de acontecimentos que só tenho encontrado nos nossos autores. Livros que fogem ao enquadramento esperado dos romances, livros que remexem nas emoções e tocam naqueles pontos sensíveis do ser português. Sem me gabar disso, considero que somos um povo com características bastante únicas, talvez todos o sejam na verdade, mas por isso mesmo há certas coisas que só iremos reconhecer quando escritas num autor nosso ou noutro qualquer que tenha passado tempo suficiente connosco.

Dito isto, ontem comecei a ler José Rentes de Carvalho, uma estreia, com Pó, Cinza e Recordações. Disseram-me que devia começar pelo Mentiras e Diamantes, que também tenho, mas mais uma vez, no meio das dezenas de livros que tenho para ler, este que estava quase no fundo de uma pilha chamou-me. Estou naquela fase em que caminho cautelosamente pelo livro tentando perceber porque é que o quis ler com esta vontade nesta altura. O livro consta num diário do autor na viragem do milénio e as entradas que li, apesar de poucas, chegaram para reflectir precisamente o que disse no parágrafo anterior. E a sensação é boa e ao mesmo tempo de alguma infracção. Olhar para uma vida que não nos pertence, quando descrita de forma tão íntima e genuína, faz-nos sentir que se calhar olhamos para algo que não nos pertence. No fundo é um bocado o que faço aqui convosco, sem a genialidade ou a literacia máxima destes autores, partilhar bocados da minha vida sem que com isso me sinta nua ou despida. Talvez J. Rentes de Carvalho tenha sentido o mesmo ao escrever esta obra. 

E é isto. Depois de começar 2016 com a (re)leitura de Flores, de Afonso Cruz, avanço com novo autor português J. Rentes de Carvalho. E vocês, vão participar em algum desafio literário ou têm alguma meta para 2016 em termos de leituras? Beijos e boa semana! 

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2 Comentários
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Joel Monteiro
Joel Monteiro
8 anos atrás

Em 2015 propus-me ler 30, acabei por ler "apenas" 26. Quando se mete um livro de maior dimensão e trabalho/estudo pelo meio, o cumprimento do desafio começa a ser mais uma pressão nas nossas vidas. Como continuo ligeiramente masoquista, sigo com desafio este ano mas um pouco mais realista: 26 livros (novamente), o que me dá duas semanas para ler cada um. Já não é mau.

Morrighan
Morrighan
8 anos atrás

Olá Joel,

Tenho noção que o meu desafio também é muito ambicioso, mas vou tentar 🙂 Quanto mais não seja porque temos mesmo muita coisa boa a ser publicada e quero partilhá-la convosco.

Bom ano e boas leituras!

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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