[Playlist da Quinzena] 1 a 15 de Abril de 2016 – As Escolhas de Luís F. de Sousa (Mira, Un Lobo)

https://www.facebook.com/miraunlobo/

Abril começa com uma playlist bem bonita e de alguém cuja caminhada no mundo da música já está algo calejada. O convidado especial é o Luís F. de Sousa, por muitos conhecido pela banda MAU, mas os grandes passos que dá hoje em dia é com o seu projecto a solo Mira, Un Lobo. Recentemente, Serotonin, o primeiro single de “Heart Beats Slow” foi lançado internacionalmente pela Tapete Records. Em Maio, sai o disco, mas eu já o tenho, já o ouvi e já me deliciei completamente com ele. No link – http://www.branmorrighan.com/2016/03/queres-e-letra-especial-exclusivo_18.html – podem saber mais sobre o que se tem dito, porém não será demais chegar ao consenso que estamos perante um projecto de música electrónica de excelência, cuja parte conceptual lhe dá uma consistência que nem a cereja no topo de bolo que falta a tantos outros. Tenho o privilégio de conhecer este projecto há perto de um ano e só posso desejar que corra tudo muito, muito bem! Ah! E a playlist! Mesmo ao meu gosto! Eheheh, espero que gostem! Obrigada, Luís, pela tua disponibilidade! 

Isto não é um “best of”, nem uma lista de temas preferidos.

É simplesmente o que me apetece ouvir hoje. 🙂


The Books – Take Time

Não era fã de sampling até conhecer The Books e desde esse momento há mais de dez anos, não são poucas as vezes que volto a ouvir toda a discografia desta dupla. Pedaços de vidas, palavras, sons colados uns aos outros, sem perder qualquer noção de narrativa e com uma perfeição melódica de uma beleza extrema não aconselhável aos mais fracos de coração. Abstraiam-se da estranheza e deixem-se levar pela música.

Sufjan Stevens – Death With Dignity

Sufjan Stevens é provavelmente o meu cantautor de eleição e quase sempre o meu “colo” favorito em momentos de aperto ou refugio emocional. Discos como “Illinois” ou “Michigan” são presença assídua na minha vida. Foi o melhor dos presentes vê-lo regressar às origens com o seu último álbum “Carrie & Lowell”, depois de uma longa travessia de experiências musicais entre a electrónica e o experimentalismo que pouco me convenceram. O disco, um dos melhores de 2015, é quase perfeito e o tema “Death With Dignity” é prova disso mesmo.

Phoria – Emanate

Phoria é uma das bandas que mais me entusiasmou nos últimos anos. Acertam em cheio no que me parece ser o equilíbrio perfeito entre a electrónica simples e o sentido emocional (no sentido mais amplo do termo) apurado da escrita de canções. Para mim, a electrónica não se quer fria, repetitiva e cujo foco é o mero balanço, como uma espécie de ritual vazio que só nos ocupa o tempo, aos círculos, sem nos levar a lugar algum. Os Phoria acreditam na viagem, gostam de a explicar de forma intima e deliciosamente intensa, ainda que feita quase sempre de meros sussurros.

When Saints Go Machine – On The Move

Tenho uma ligação emocional forte com a Dinamarca. Foi a minha casa durante um ano, foi lá que me formei definitivamente a nível académico, foi lá que percebi noções de tolerância e aceitação de diferença que me marcaram para vida. Torço frequentemente pelo povo e pelo país que tão bem me recebeu e isso estende-se à música. Em 2004, quando voltei para Portugal, a electrónica na Dinamarca era uma espécie de unicórnio raro quase impossível de encontrar. Os Safri Duo (sim, são dinamarqueses…) amaldiçoavam o género, exportavam mau gosto e davam mau nome ao que se criava por aqueles lados. Passaram-se os anos e hoje o que aquele país escandinavo exporta, no que também à electrónica diz respeito, tem uma qualidade assinalável. Os When Saints Go Machine são, de há uns anos para cá, uma das minhas bandas favoritas e não é por clubite, é mesmo porque são incríveis.

James Blake – Our Love Comes Back

Há artistas com a virtude sobre-humana de parecer não saber fazer nada errado. Cada disco, cada tema solto, cada colaboração…Não me lembro de um momento em que me tenha desapontado enquanto fã atento do seu trabalho. Cada tema novo que lança é motivo de celebração apaixonada da minha parte e a primeira escuta tratada pelos meus ouvidos de forma quase religiosa. Enquanto aguardo pelo novo disco, recordo um dos temas que mais gosto, “Our Love Comes Back”.

FKA Twigs – “Papi Pacify”

Acompanho a FKA Twigs desde que lançou o seu primeiro EP e desde o primeiro instante que me deixo hipnotizar pelo contorcer insinuante da sua música e voz. É perversão disfarçada de doçura, é sexo proibido que já não se consegue guardar em segredo. “Papi Pacify” são quase 5 minutos de puro vicio.

Kanye West – Only One ft. Paul McCartney

Há quem o odeie. Há quem deixe que esse ódio resvale também para as suas criações, o que é tremendamente injusto. Vejo-o como uma espécie de Andy Kaufman dos tempos modernos. Um agitador, um provocador, um mestre na arte de manipulação mediática, mas que não se esgota nos inúmeros soundbites que atira, muitas vezes de forma absurda e insultuosa. Tem todos os defeitos que perdoamos a um génio e eu vejo-o dessa forma. Revitalizou todo um género que, quanto a mim, há muito estava acomodado e molengão. Fez-me gostar de voltar a ouvir hip-hop. O último “The Life of Pablo” não atinge a perfeição de um “My Beautiful Dark Twister Fantasy”, mas tem preciosidades estranhas tremendamente aditivas como “FML”, “Real Friends”, “Wolves” ou “30 hours”. Como o senhor não deixa que se encontre nenhum destes temas no youtube, aqui fica o tema com Paul McCartney, “Only One”.

Ben Khan – Eden

É uma espécie de funk contemporâneo ou de R&B negro, não de cor mas de alma. É neo-Prince ao jeito de um Jai Paul, mas um pouco menos triste e sombrio. O primeiro LP tarda em aparecer, o que é uma pena, porque Ben Khan é do que melhor se ouve por terras britânicas.

Wild Beasts – Wanderlust

Existe uma conexão afetiva forte com os Wild Beats que ultrapassa largamente o campo musical. Por altura do nascimento do meu primeiro filho, em 2009, quando nada parecia apaziguar as malditas cólicas do nosso bebé, quando nada o parecia sossegar, quando os pais tinham de fazer turnos para conseguir descansar alguma coisinha à noite, foi a música e vozes desta banda que vieram dar alguma folga ao nosso desespero. É verdade. Nem no carro o puto adormecia…Até que um dia, ao colocar o disco “Two Dancers” no leitor, deu-se um milagre – o Gui adormeceu. E assim foi durante um ano. Sempre que colocava aquele disco, o meu filho descansava. O bom gosto está-lhe nos genes (risos). Hoje, com 6 anos, o meu filho gosta de outras coisas, mas o pai continua fã incondicional da banda.

Hooray For Earth – Keys

São inúmeras as bandas que terminam antes do tempo, muitas vezes no pico do seu auge criativo. Os Hooray For Earth são um dos mais perfeitos exemplos disso mesmo. Lançaram dois excelentes discos, tiveram excelentes criticas, foram presença assídua em playlists das mais importantes rádios indie internacionais, mas por alguma razão, talvez por mau agenciamento ou pior promoção, nunca furaram no plano internacional e acabaram por desaparecer quase em segredo em 2014, sem grande apontamento por parte da imprensa musical. É pena. Fica a música, que é excelente.

Yeasayer – I Am Chemistry

Quando gostamos muito de um artista, quando o colocamos num patamar de infalibilidade, estamos inevitavelmente a abrir a porta a uma eventual desilusão. Os Yeasayer deram-me um dos discos que mais gosto e que mais me influenciou no meu passado recente artístico, ainda enquanto membro dos MAU. “Odd Blood” é disco obrigatório e devia ser presença certa na coleção de discos de qualquer melómano que se preze. Já o último “Fragrante World” é um desastre em forma de álbum que nem um bom tema como “Reagan’s Skelton” consegue disfarçar.

Sai esta semana o novo álbum e a julgar pelos 3 temas que já ouvi, nos quais este se inclui, está na altura de fazermos as pazes.

Sigur Rós – Ára Bátur

Sigur Rós é catarse sob a forma de som. Não se explica nem se entende (islandês é complicado), mas sente-se de uma maneira avassaladora. Não há melhor abrigo. É minha companhia desde que apanhei por acaso uma entrevista sobre o lançamento de “Ágætus Byrjun” em 1999, num antigo canal de música internacional. Aquilo apanhou-me de surpresa. Era diferente de tudo o que já tinha ouvido e celebrava a tristeza de uma forma tão incrivelmente bonita que a tornava muito menos pesada. Lembro-me de passar horas no carro, sozinho, a ouvir o disco. Era tempo bem gasto. Muitos discos depois, ainda é.

Para finalizar esta playlist deixo-vos com um dos meus temas preferidos de sempre. Não se assustem com a duração. São 9 minutos de viagem cujo destino pode mudar a vossa vida. Esta é para ouvir bem alto, especialmente a partir dos 7 minutos.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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