Opinião: O Pântano dos Sacrifícios, de Susanne Jansson

O Pântano dos Sacrifícios

Susanne Jansson

Editora: TOPSELLER

Sinopse: Em tempos, realizavam-se oferendas humanas em pântanos. Agora, há pessoas a desaparecer… Crê-se que antigamente os pântanos eram usados como locais onde se realizavam sacrifícios humanos. Por serem pobres em oxigénio, estes terrenos atrasavam o processo de decomposição dos corpos, levando à sua preservação. Há por isso quem acredite que as almas lá enterradas não conseguem encontrar descanso, atraindo até si novas vítimas. Nathalie Nordström é uma jovem bióloga que se desloca até a um pântano no norte da Suécia para realizar uma experiência de campo. Nathalie cresceu naquela zona, mas partiu quando uma terrível tragédia se abateu sobre a sua família. Numa noite de tempestade, um mau pressentimento leva-a até ao pântano. Lá encontra um homem inconsciente, prestes a afundar-se. A polícia começa a investigar o caso e acaba por encontrar cadáveres ali enterrados. Estará o pântano a reclamar mais sacrifícios, como alguns habitantes locais acreditam?

OPINIÃO: Se há elemento que parece caracterizar a literatura policial nórdica é um certo mistério místico. Têm sempre uma camada, uma espécie de segunda pele, mais densa, tanto no que toca ao ambiente como à violência. O Pântano dos Sacrifícios é um thriller que vive dessa neblina, do não sabermos bem, até perto do fim, qual a verdadeira origem de todo o mistério, apesar de sentirmos constantemente o formigueiro de algo meio sobrenatural. No que toca à violência, a nível gráfico é menos do que poderíamos esperar, mas a nível psicológico é intrigante desde o início. Nathalie, a protagonista, coloca-nos o cérebro a fervilhar desde a primeira página. Todos temos os nossos fantasmas, mas os de Nathalie parecem estar na iminência de exigir um pagamento pelo seu passado tumultuoso. 

É sabido que em certas culturas muitas vezes se faziam sacrifícios para agradar aos deuses ou para tentar aplacar espíritos ou pessoais mais supersticiosas. O mote deste livro é precisamente esse. Temos um local, no norte da Suécia, cujo pântano carrega essa mitologia. E há quem continue a acreditar que o pântano exige os seus sacrifícios de forma a deixar os habitantes locais em paz. Depois da descoberta d’A Rapariga do Arando, corpo encontrado ainda preservado no pântano, muitas foram as pessoas que foram desaparecendo, mas sem que se associasse ao pântano um papel activo. Foi preciso Nathalie conhecer uma pessoa e ter um pressentimento em relação a essa mesma pessoa que acabou por mudar tudo. 

Quando Nathalie encontra o seu novo conhecido inconsciente e maltratado no pântano, o seu passado assalta-a com força e conseguimos sentir os seus demónios a ganhar forma novamente. À medida que vamos conhecendo a infância de Nathalie, conhecemos também outra personagem feminina, Maya, que vai ter um papel fundamental no desfecho da história. É fotógrafa artística, mas em part-time também é fotógrafa forense e é através dela que vamos conhecendo alguns dos habitantes locais que fizeram parte do passado de Nathalie. É nestes cruzamentos de perspectivas que mergulhamos profundamente, esperando que o sol brilhe e se faça luz sobre todas as questões que se vão levantando ao longo da narrativa. 

O Pântano dos Sacrifícios é um livro que, apesar de todo o negrume aparente, se lê bastante bem. A escrita é fluída e está bem estruturada. A nível de intensidade, achei que faltou ali qualquer coisa para ser um livro que fique na memória. Tinha muitas expectativas para o papel de Nathalie que nunca se realizaram, mas talvez seja culpa minha por esperar sempre alguma espécie de twist psicológico neste tipo de thrillers. No fundo, nunca sabemos bem onde é que a trama vai parar e isso acaba por ser o maior ponto positivo pois mantém o leitor bem atento a todas as possibilidades.  

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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