Opinião: A Paciente Silenciosa, de Alex Michaelides

A Paciente Silenciosa
Alex Michaelides

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Alice Berenson é uma pintora britânica, jovem e famosa, que vive numa casa sublime nos arredores de Londres com o marido, Gabriel, um conhecido fotógrafo de moda. A vida de ambos parece perfeita. Mas uma noite, quando ele chega a casa depois de uma sessão fotográfica, Alicia mata-o com cinco tiros. E nunca mais diz uma palavra.

A recusa de Alicia em falar e dar qualquer tipo de explicação sobre a tragédia, transforma-se num mistério que prende a imaginação da opinião pública, e confere a Alicia uma notoriedade sem precedentes. O preço dos seus trabalhos artísticos dispara e ela, a paciente silenciosa, é alvo de um mediatismo implacável. Para evitar isso, é conduzida para uma unidade forense de alta segurança no norte de Londres.

Theo Faber, um psicoterapeuta criminal, espera há muito pela oportunidade de trabalhar com Alicia. A sua determinação em convencê-la a falar e a desvendar as razões misteriosas que motivaram o assassínio do marido leva-o por um caminho tortuoso, numa busca pela verdade que ameaça consumi-lo…

OPINIÃO: Primeira leitura finalizada de 2020 e primeiro texto sobre uma leitura minha em algum tempo. É bom voltar a sentir esta motivação de falar sobre o que li! E uma coisa posso desde já dizer-vos: devo andar completamente fora do campeonato no que aos thrillers e ao suspense diz respeito porque fui embalada até aos últimos capítulos sendo apanhada de surpresa na recta final! Eu sei, eu sei, é mesmo essa a intenção de um livro deste género, mas por norma costumava ter uma intuição certa e Alex Michaelides conseguiu surpreender-me bem! Vá, confesso que não me surpreendeu em relação à morte do Grabriel, mas sim a toda a envolvente que levou até esse acontecimento! 

A Paciente Silenciosa é, na minha opinião, um daqueles livros em que vamos virando página após página, um verdadeiro page-turner, sedentos de mais. O início não foi o mais empolgante, mas a premissa prometia e veio a cumprir-se. Temos então uma artista de renome, um fotógrafo cheio de talento e um casamento terminado através de homicídio. Alicia é encontrada com uma arma e Gabriel com o seu cérebro desfeito. Ela não fala, não se defende, nada, acabando internada num hospital psiquiátrico.

Anos depois, Theo, um psicoterapeuta, decide que a quer ajudar, que será capaz de a fazer falar. E é esta epopeia o centro da trama, a forma como Theo vai desbravando caminho, identificando-se cada vez mais com Alicia, ao mesmo tempo que partilha connosco a sua própria tragédia pessoal. Nota extra no envolvimento da tragédia grega Alceste como um dos pontos centrais da história.

Para um primeiro romance, há que enaltecer que Alex Michaelides já deixou a sua marcar no Thriller Psicológico. A forma como montou o enredo e encadeou os capítulos fazem com que o leitor não só ganhe uma espécie de empatia cética com o protagonista (confesso que não amei Theo, mas ao mesmo tempo esta distância que se manteve foi ao mesmo tempo um ponto de atracção), como também fique com a cabeça a andar à roda em relação a Alicia.

Temos um marido praticamente perfeito, um dono de galeria ganancioso, um primo mentiroso, um cunhado assustador… Há de tudo um pouco para umas quantas conjecturas. E a beleza está, precisamente, naquele parágrafo final, a alguns capítulos do fim, em que sentimos um baque e sabemos que agora só largaremos o livro quando terminarmos a leitura.

O ritmo da narrativa oscila entre momentos de maior reflexão e outros de maior acção, as personagens são interessantes e não são planas, acabam por ter algumas camadas, e a verdade é que, apesar de ser um romance, quem é que nunca ouviu falar deste tipo de acontecimentos? No entanto, tenho uma confissão a fazer. Dado que sou fascinada pelo psicológico humano e sendo Theo psicoterapeuta, fiquei um bocadinho desiludida quanto a esta componente – da psicoterapia. Mas compreendo que foi necessária uma certa romantização do enquadramento para se poder dar o desfecho que deu. Resumindo e concluindo, A Paciente Silenciosa é uma aposta segura e proporcionará uma excelente leitura.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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