Opinião: Styxx, de Sherrilyn Kenyon


Styxx – Parte Um e Parte Dois

Sherrilyn Kenyon

Editora: Edições Saída de Emergência (Chá das Cinco)

Sinopse: Os gémeos Styxx e Acheron tiveram poucos anos de paz antes de serem separados pelas intrigas que os pretendem destruir a ambos. Styxx vive na sombra do irmão, relegado para fora do reino e atormentado pelos deuses que veem nele um perigo para todo o panteão. As traições são constantes. E a lealdade é uma palavra que Styxx não conhece. Quando conhece Bethany, todo o mundo de Styxx se transforma. Escondendo a sua identidade para evitar mais tormentos, Styxx começa a confiar na mulher que revolucionou o seu mundo. Mas, mais uma vez, a sua confiança é abalada com segredos mais dolorosos do que a traição. E quando já não há ninguém em quem confiar e a escuridão ameaça a alma, haverá algum caminho para a redenção?

OPINIÃO: Estava a tentar lembrar-me há quantos anos leio Sherrilyn Kenyon, mas já lhe perdi a conta. E é com grande ânimo que volto a escrever sobre mais um dos seus capítulos na saga Dark Hunters (ou Predadores da Noite, em português). Confesso que os últimos volumes não me entusiasmaram muito, mas com Styxx, e as mais de mil páginas dos dois volumes, foi fácil relembrar-me do porquê de continuar a ler história após história. No entanto, aviso-vos já: Styxx está longe de ser uma leitura fácil e animada. Segundo aviso: amantes de Acheron, preparem-se… No final deste livro conheceremos uma versão (talvez) inesperada do tão amado guerreiro.

Por norma, a receita da autora é bastante simples: vidas difíceis, traumas inimagináveis, um amor que ultrapassa tudo e todos, uma ponta de esperança e a tão aguardada redenção. Paz não é coisa que dure muito tempo, porém em Styxx testemunhamos todo um novo nível de inferno, agonia e vergonha. Acheron e Styxx nasceram como irmãos gémeos, mas as parcas souberam como amaldiçoá-los bem. Ambos são de uma beleza sobrenatural, mas o primeiro tem olhos que o denunciam como pertencendo aos deuses. Styxx, sem esses olhos, acaba por ser o mortal de aspecto sobrenatural que todos desejam, de todas as maneiras possíveis e imaginárias. Como se cada um não tivesse a sua própria cruz para carregar, Styxx foi ainda abençoado com os pensamentos dos que o que lhe rodeiam e de cada vez que Acheron é castigado, ele sente os castigos como se fosse ele mesmo a sofrê-los. Já não bastava ser castigado a torto e a direito só por respirar, nos poucos momentos em que a esperança de paz parece alcançável, chegam-lhe dores impossíveis de superar. Só podem significar uma coisa: Acheron está a ser alvo de violência física. 

Percorrer estas centenas de páginas, dos dois volumes, foi uma autêntica epopeia. A autora foi de uma sensibilidade e de uma brutalidade tão intensas, que tanto fiquei de coração comovido com os irmãos a tentarem dormir no mesmo quarto de pés colados um ao outro, como também tive acessos de náusea com algumas das suas descrições de violações e abusos a todos os níveis. Sherrilyn Kenyon já nos habitou a histórias violentas e sangrentas, mas a narrativa de Styxx parece ter saído do pior dos pesadelos em tantas dimensões… Os sentimentos de isolamento, desespero, solidão, desapego, loucura e insanidade estão presentes ao longo de quase toda a narrativa. Se quem leu Acheron achava que não podia haver evolução mais tortuosa, pois bem, apresento-vos Styxx. Isto causa-me um misto de sentimentos em relação ao livro. Se por um lado admiro a escrita da SK, por outro lado, pela primeira vez, senti que não havia qualquer equilíbrio ou qualquer história de amor que pudesse compensar a brutalidade horrorosa com que Styxx teve que lidar ao longo de milhares de anos. 

A história de amor é bonita e a personagem feminina, Bethany, é uma protagonista forte e empática, mas apesar do caminho de redescoberta que Styxx faz com Bethany, a verdade é que a certa altura eu já só pensava que tudo era injusto e impossível demais para ser verdade. Como é que Styxx ainda prevalecia episódio após episódio de horrores de nos deixarem a ponto de vomitar várias vezes. A segunda parte é ligeiramente mais leve, porém ainda assim tem outro tipo de crueldade. Por exemplo, todos sabemos que Acheron é capaz de visualizar passado/presente/futuro de quase todos menos dos que lhe são próximos. E Acheron tem ajudado dezenas de guerreiros a alcançarem a sua redenção. Seria de esperar que o tipo de postura que ele tem com os outros predadores da noite, em termos de lhes dar uma oportunidade de provarem o seu valor, se estendesse também aos que lhe são próximos. Como o irmão, Styxx, por exemplo. Mas até isto vamos descobrir que não é assim tão simples. 

Resumindo e concluindo: se ainda não leram, preparem-se para o que aí vem. Desculpem algum spoiler involuntário, mas penso que não escrevi nada que coloque em causa a leitura. Quanto muito estou imensamente curiosa por saber o que acham de Styxx, o que acham desta faceta da escritora e, por último, se o Acheron continua a ser o vosso preferido! De qualquer maneira, mesmo após mais de vinte livros da escritora, esta é uma saga que quero continuar a acompanhar e que bate os meus records de números de livros lidos de uma escritora. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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