[Diário de Bordo] A rotina matinal da sobrevivência

Queridos leitores, como estão? 

Esta semana não fui muito bem sucedida a manter o blogue actualizado, mas para não perder o comboio na totalidade decidi escrever este post rápido antes de me ir deitar. 

No Facebook alguns leitores mostraram curiosidade sobre como é a minha vida aqui em Bloomington, quais são as minhas rotinas e como é que é aqui o dia-a-dia em tempo de coronavirus. Como a semana foi longa e ainda tive de trabalhar no fim-de-semana, vou falar brevemente sobre estas coisas e, espero eu, mais tarde dou-vos mais detalhes e conto-vos alguns episódios engraçados. 

A minha vida em Bloomington é calma em todos os aspectos menos em termos de trabalho. Com isto quero dizer que vivo num prédio de três pisos, num sítio relativamente calmo (fica na fronteira entre uma zona com maior afluência de sem-abrigos e o centro da cidade) que fica a menos de dez minutos a pé do supermercado e a cerca de vinte minutos a pé do campus.

Tenho um parque a quinze minutos e tenho a B-Line, uma espécie (deixem-me dizer-vos que o facto de não escrever em português com frequência, ou sequer falar português com frequência, faz com o meu cérebro já comece a ficar meio preguiçoso em termos de encontrar as expressões certas em português!) de trilho (era esta a palavra que queria!) de alguns quilómetros em que também posso caminhar, correr e até jogar basquetebol dado que há um campo e meio do trilho. Ainda não aconteceu, mas já comprei uma bola de basquetebol de rua! Uma das coisas que tinha idealizado ao vir para cá era viver numa casinha térrea, com terraço e quintal, mas para já o apartamento é o possível e dado que aqui tudo é longe de tudo até que estou bastante bem localizada. 

Em tempo de coronavirus as ruas andam praticamente desertas e os estabelecimentos fechados. A não ser que faça sol. Bloomington é a cidade mais esquizofrénica a nível de temperaturas e de estado do tempo que já vi. Num dia faz sol e está quente, no dia seguinte descem vinte graus e batemos o dente. Num dia o tempo está ameno e quase sem vento, no dia seguinte recebemos um aviso de perigo de tornado. Sim, é verdade, já me aconteceu e só rezava para que a estrutura do prédio aguentasse com a chuva e os ventos fortíssimos.

Não sei se têm noção, mas aqui as construções não são como na maior parte da Europa. Aqui não se usa tijolo e cimento, mas sim essencialmente madeira. Costumo dizer que vivo entre paredes de papel. Outra coisa que damos por garantido em Portugal e aqui não existe são as persianas que tapam completamente a luz. Nem nos quartos! Há uma coisa que chamam light filtering que é uma espécie de persiana mais fraquinha. Mas tudo bem, uma pessoa adapta-se e segue com o que tem, tranquilamente. 

O meu apartamento é porreirinho. Tem teto alto (ao contrário de muitos por aqui), imensa luz e tem espaço suficiente para eu viver de forma confortável. No meu quarto não só tenho a cama de casal como tenho ainda espaço para o meu cantinho de yoga. A sala é ligada com a cozinha, mas como a divisão é bastante rectangular acaba por haver uma divisão natural entre as duas, com uma consola encostada à parede a sinalizar a transição. Ahah! 

Em termos de rotina, dado que saí completamente fora do meu habitat natural, as manhãs são o mais importante. O período entre acordar e começar a trabalhar é aquele em que mais preciso de familiaridade e conforto. Acordo cedo, levanto-me e começo a rotina que já fazia em Portugal: lavo a cara e os dentes, bebo um copo de água, faço o meu yoga matinal (entre 10 a 15-20 minutos dependendo do estado de espírito e do estado da minha coluna) e depois cozinho o pequeno-almoço. Tenho a mania de fazer panquecas de banana e mirtilo frescas todas as manhãs.

A receita é bem simples 1-2 ovos com 1-2 bananas partida(s) aos bocadinhos, sementes de girassol e canela. Mexo tudo bem com um garfo (não faço com varinha mágica porque gosto de ter bocadinhos de banana inteiros) e depois de bater tudo até a mistura ganhar uma forma minimamente consistente misturo os mirtilos (estes não quer que estejam minimamente esmagados). Coloco um pouco de óleo de côco numa frigideira e voilá! é deixar estar uns minutos, virar e temos pequeno almoço delicioso. Por norma junto umas tostas de manteiga de amendoim com doce (eu sei, super americana!) e café que chegue para a manhã inteira. Depois deste ritual todo lá me sinto finalmente pronta para enfrentar o dia com coragem e mente aberta para aprender e executar o máximo possível. 

Para quem, como eu, tem passado todo este tempo da pandemia sozinho, penso que ter estes pequeno rituais de conforto ajuda imenso. Outra coisa que me tem ajudado é aceitar pequenos desafios. Esta semana que passou, por exemplo, terminei o desafio 30 Days of Yoga, da Yoga with Adriene. Ontem comecei o desafio 10 Minutes Morning Yoga Challenge, da Yoga with Kassandra, etc.

Dado que o tempo aqui é completamente incerto e que de qualquer maneira não convém andar demasiado em sítios com outras pessoas, encontrar estes pequenos desafios caseiros que nos obrigam a ser disciplinados e a cuidar de nós mesmos de forma gentil são muito importantes. Dito isto, porque os meus olhitos já ardem de cansaço, por hoje fico por aqui. Se quiserem mais informações sobre estes desafios ou outros rituais que nos fazem sentir menos sozinhos, contactem-me à vontade. 

Dei conta que não falei da imagem que ilustra este post. Numa nota rápida antes de acabar conto-vos que a Two Sticks Bakery fica no piso 0 do meu prédio e tem doces e salgados deliciosos, feitos de ingredientes sustentáveis e, dentro do possível, locais. Têm para todos os gostos e feitios, incluindo opções vegan e sem gluten. Agora imaginem o que é só ter de encomendar online e descer as escadas para ter aquele mimos… Não digam a ninguém, mas acho que quando voltar a Portugal volto a rebolar! Eheheh. A outra ilustração contém precisamente a fórmula do que faço para limpar o meu tapete de yoga. Talvez faça um post mais dedicado a este tema, o que acham? Obrigada por estarem desse lado, até já! 🙂 

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest
Share on whatsapp
Subscrever
Notificar-me de
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

    Subscritores do blog

    Recebe notificação dos novos conteúdos e partilhas exclusivas. Faz parte da nossa Comunidade!

    Categorias do Blog

    Leituras da Sofia

    Apneia
    tagged: currently-reading
    A Curse of Roses
    tagged: currently-reading

    goodreads.com

    2022 Reading Challenge

    2022 Reading Challenge
    Sofia has read 7 books toward her goal of 24 books.
    hide