Opinião: Os Livros Que Devoraram o Meu Pai de Afonso Cruz

Os Livros Que Devoraram o Meu Pai

Afonso Cruz

Editora: Editorial Caminho

Sinopse: Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado. Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo. Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de letras.

Opinião: Aqui está um livro que li há umas semanas atrás, mas que não resisti em voltar a lê-lo antes de iniciar a opinião sobre o mesmo. Depois de nos iniciarmos na escrita de Afonso Cruz fica complicado não querermos ter a sua obra completa e lê-la até nos fartarmos – tarefa que não adivinho nada fácil! Tendo já lido três das suas criações, confesso que ainda assim o autor me surpreendeu e que este pequeno livrinho conquistou um lugar muito especial.

Porque um homem é feito dessas histórias, não é de adê-énes e músculos e ossos. Histórias

E esta é a história de Elias, que perdeu o pai para a Literatura e decide ir à sua procura. Numa oscilação entre a ficção e a realidade, Elias transporta-nos, juntamente com ele, para o mundo de vários clássicos, sempre no encalce do seu pai. Ao procurar o pai, este pequeno tenta conhecer-se a si mesmo e às suas motivações. Como todos os adolescentes apaixona-se, mas vê a sua Beatriz, por quem seria capaz de, tal como Dante, percorrer o Inferno, o Purgatório e o Paraíso por ela, a beijar o seu melhor amigo.

Dizem que tudo o que existe tem um reverso, um oposto. Mas qual é o oposto de um beijo? Não é o ato de dar uma estalada, como seria de esperar. É, isso sim, ver quem gostamos beijar outra pessoa.

Os Livros Que Devoraram O Meu Pai é uma obra maravilhosa, extraordinária. A paixão que exala no que diz respeito à literatura, a forma como entrelaça as diferentes histórias e explora, ao mesmo tempo, o ser humano, deixaram-me fascinada.

A sua consciência atormentava-o. A sua verdadeira prisão não era na Sibéria, no meio de trabalhos forçados, a sua verdadeira prisão era dentro da sua cabeça. Aliás, é aí que todos os homens são livres ou condenados.

Enquanto nos conta uma história de um filho em busca do pai, esta obra consegue ser uma fonte de sugestões literárias. Conseguimos encontrar referências aos maiores autores de todos os tempos sem nos sentirmos ignorantes, mas impulsionando-nos a procurá-los, a descobri-los.

Os livros encostados uns aos outros, numa prateleira, são universos paralelos.

E são mesmo. Sei que quase começa a ser um clássico escrever opiniões sobre os livros deste excepcional escritor e artista cheias de citações, mas quando temos obras poderosas, fica irresistível não colocarmos aqui passagens que de alguma maneira nos marcam. Não se enganem, o fim é trágico e traz com ele uma lição para qualquer pessoa de qualquer idade. Tenho também de elogiar a capa e toda a caracterização interior do livro, estes dois factores ajudam à absorção total do leitor na história, sendo impossível largá-la até que esta chegue ao fim. Um livro que se lê rapidamente, mas que só lentamente se dissolve em nós.

Outras Opiniões de Obras do Afonso Cruz:

O Livro do Ano: http://www.branmorrighan.com/2013/06/opiniao-o-livro-do-ano-de-afonso-cruz.html

Jesus Cristo Bebia Cerveja: http://www.branmorrighan.com/2013/06/opiniao-jesus-cristo-bebia-cerveja-de.html

A Boneca de Kokoschka: http://www.branmorrighan.com/2012/12/opiniao-boneca-de-kokoschka-de-afonso.html

Entrevista ao Autor:  http://www.branmorrighan.com/2013/01/entrevista-afonso-cruz-escritor.html

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

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